sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1.2:Mundial Ibérico (Parte 1)

Já de algum tempo a esta parte vem-se ouvindo ruídos sobre a possível realização de um Mundial de Futebol em Portugal e Espanha.
A hipótese é certamente entusiasmente para os adeptos de futebol, entre outros, e opostamente um blasfémia cometida com o dinheiro público para os velhos do Restelo (sejam estes da direita conservadora ou da esquerda ultrapassada que abomina tudo quanto é evento desportivo).
Apesar de ser adepto de futebol, e do desporto em geral, penso que se deve abandonar a paixão e usar a razão para avaliar as virtudes e os defeitos desta candidatura. Os benefícios parecem-me claros ao nível do turismo, criação de emprego e marketing do país à escala global. As desvantagens também existem: gastos para o orçamento de estado, risco de criar má imagem se o evento não tiver boa organização e eventuais riscos de terrorismo durante o torneio.Podem certamente ser referidas muitas mais vantagens e desvantagens no entanto parece-me mais sensato fazer uma abordagem económica rigorosa ao evento do que entrar em guerrilhas que possam valorizar demasiado aspectos de importância menor.
Parece-me de particular relevo realçar dois aspectos. Primeiro o facto de já termos boas instalações desportivas diminui radicalmente os gastos, o que é realmente determinante na actual, e possivelmente futura, conjuntura económica do país.Em segundo lugar o facto de a organização ser partilhada com o nosso vizinho é uma faca de dois gumes. Por um lado a experiência e sucesso a nível do turismo e do desporto em Espanha é sobejamente reconhecida e admirada. O turismo espanhol encontra-se a ombrear pela liderança mundial, bem como a nível desportivo o reconhecimento não é menor com grandes feitos em conquistas desportivas e sucessos na organização de várias competições. Temos seguramente muito a benificiar destes factos. Contudo o que me preocupa é a possibilidade de haver conflitos na altura da conclusão da candidatura ou mesmo na organização entre os comités dos dois países. É fundamental haver entreajuda e deixar as disputas entre os dois aliados de parte. Só assim poderemos ter sucesso.
Esperemos que os prós e contras sejam bem avaliados, isto é, por estudos sérios e devidamente fundamentados. Caso a decisão seja a de avançar até à candidatura final e ela nos seja atribuída então que se faça tudo com seriedade e competência, resistindo a interesses dos barões do betão entre outros, e dignifique-se a Ibéria.
Esperemos um novo Tratado de Tordesilhas, que ao contrário do passado nos una e fortaleça, e tal como o outro nos leve à conquista do mundo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

1.1 Início. Matemática como método de compreensão da realidade

Sempre tive uma grande paixão pela matemática, com um carinho especial pela aplicação desta à realidade do dia-a-dia. Assim a estatistica é para mim uma arma muito importante na compreensão da realidade que nos cerca.
Porque os fenómenos socio-culturais não podem ser realmente compreendidos e modificados se não forem percebidos na sua globalidade, sendo no fundo resumidos a números, sem, claro está, esquecer a sua dimensão humana. Por isso mesmo existe uma variabilidade, uma margem de erro na apreciação meramente numérica de um qualquer fenómeno sociológico.
Ora isto tem implicações bastante importantes, nomeadamente quando estamos a falar de políticas económicas ou de gestão a seguir, seja num pequeno negócio, como uma PME, ou na administração de um país. Dando o exemplo do segundo caso acontece por vezes que as classes dirigentes se agarram a casos particulares e de pouca importância para o estado de coisas do resto do país para tentarem passar uma mensagem às massas. Era como dar um Magalhães em directo na televisão a um miúdo cujos pais tivessem a electricidade de casa cortada por falta de pagamento.Penso que tal situação nunca aconteceu, mas a ideia de avaliar rigorosamente a utilização do Magalhães e para que fins não seria descabida tendo em conta os custos envolvidos no projecto.
Outra situação importante ocorre muitas vezes no jornalismo. Trata-se do sensacionalismo. O exemplo de crónicas nas quais era muito criticado o caso do dentista reformado que foi recrutado para fazer urgências no Alentejo por falta de médicos! E ainda por cima não tinha curso de suporte avançado de vida. Neste caso para além de se estender a parte ao todo, neste caso o tal serviço de urgências ao resto do SNS, ainda se cometeram erros de conhecimento da causa em questão: primeiro o senhor referido não era dentista, mas sim estomatologista,ou seja um médico especialista, e segundo a grande parte dos médicos, mesmo os que fazem urgências, não têm curso de suporte avançado de vida.
É este tipo de abordagem pouco rigorosa e ainda menos séria intelectualmente que tem de ser abolida se queremos abandonar a mediocridade em que vivemos.
Porque para mim os números são para além de uma paixão também uma ferramenta de trabalho e uma linguagem do conhecimento que nós necessitamos para evoluir, ficam aqui as ideias a que eles me levam.